20110301

Neuronizando

Serotonina

         Quem mexeu na minha serotonina? Ah, chega. Menos dopamina e mais opióides, por favor! De nada me adiantam esses surtos e curtos circuitos de alegria quase maníaca. Um antipsicótico cairia bem, porque tal de namorado é coisa complicada, não acredito em qualquer efeito prolongado que digam que tenha.
         Minhas oxitocinas andavam incontroláveis, garotinhas traiçoeiras andando de complô com a Dop para acabar com minha razão. Elas riem a torto e direito de mim, e na falta de outras reações, até rio junto. A expressão de mim mesma se esforçando para se conectar aos objetos, embora objetos internos. Ou seja, ilusões, e algumas distorções. A fantasia permite que eu me sinta conectada e ao mesmo tempo livre de qualquer relacionamento. 
        Essas mesmas Oxitocinas impertinentes, como se não bastasse, provocam meu lobo da frente, já que sua posição frontal no córtex cerebral o torna um alvo fácil, deixando-o frequentemente avariado, mas ele já está velhinho e ainda mais sereno, não o atingem tanto (isso é o que provocaria ciúmes infundados e também aqueles cheios de razão...). Ainda bem...
         Mas este lobinho não é tão manso assim, não, se estressa fácil e fica com vontade de explodir com (quase)tudo. Aí vem aquela enxurrada de cortisol que embrulha o estômago, deixa a boca seca e o coração perde o compasso. Esse precisa de (psico)terapia cognitivo-comportamental, em grupo de preferência, com a matilha(?) lupina toda reunida.
         Se não vigio minhas expressões faciais e corporais, nuances no tom de voz, me surgem pessoas inconvenientemente cheias de compaixão curiosa, intrincando processos cognitivos e se colocando no lugar de condolente sem nem saber o que se passa e, por isso, não podem fazer nada. Aí já fico impaciente.
[volto logo]
         Parei na desconfiança. Não, não estou desconfiando deste texto... É que logo tenho aula, de OPU ainda por cima! Não, na verdade eu desconfio de mim mesma. As obrigações escolares me chamam, até mais.
[de volta...]
         Pois bem, com a impaciência vem a desconfiança e seus exageros em testosteronas bizarras, surto, fico como que uma louca e dependente química, especialmente de teobromina, noradrenalina, epinefrinas, metil-carbinol (em vodka, por favor, aquela Vodka: connecting people), cafeína, etc, desequilibrando minhas sínteses de dopamina e, assim, a vasopressina já se mete também, não sei por quê. Além disso, as noites insones são o problema maior por vir, pois tenho de me preocupar com meus neuro-receptores no caso de não ter um bom sono REM (rapid eye moviment, não importa se não faz muito sentido, é isso mesmo), uma vez que eles perdem a sensibilidade à serotonina e à noradrenalina, o que leva a deficiências na função cognitiva (!!!). E depois me perguntam por que tenho saudades do meu Alprazolam, ora essa... Quem mais seria um benzodiazepínico tão querido quanto ele?
          Oh, não, que infeliz engano! Pode ser fatídico, mesmo que acidentalmente, relacionar-se com esse diazepínico! Alprazolam pode piorar notavelmente a transtornada falta de controle de qualquer pessoa com Borderline, no limite entre neurose e psicose (Stern, 1930). Claro, há muita reatividade aí, as emoções perdem completamente suas dimensões e lá se vai a noção da realidade, do tempo, e de que os outros são apenas humanos, nem mais nem menos. A vítima podia ser eu, pode ter sido, ou pelo contrário, posso ter ou ter tido muita sorte.
         Toda essa loucura e ausência de ser dá certo medo. Os batimentos cardíacos aceleram mais que o próprio som (ai, meu miocárdio!), pulmões a pleno vapor e glândulas supra-renais esbanjam adrenalina. Os músculos ficam tensos e as pupilas dilatadas, ampliando a visão terrível de tudo ao redor. Isso se faz sentir em todo o meu estupor.
         Fico, então, perdida no meio dos disparos de meus próprios neurotransmissores e por vezes caio num niilismo descabido, escuro e profundo, quase me afogo, ou seria como ser sugada por um buraco negro. Só volto quando a realidade me tira do transe ou quando acordo de uma quase morte, o sono perfeito interrompido.
         Toda essa parafernália bizarra no meu cérebro (ou é ele que me tem?) brincando com minha imagem me foge ao controle, embora eu pense que a compreendo. E tem mais alguma coisa jogando aqui... Algum engraçadinho que faz, vez em quando, vodu comigo, enfiando espadas nas minhas costas, me dá choques, venda meus olhos, me estonteia, quase desmaio, tenho vertigens. Não sei o quê nem quem.
         Pode ser também que eu nem esteja aqui de verdade. Então, o que tenho a ver com isso?
         Que neuronia...

2 comentários:

  1. Meio difícil de acompanhar esse texto, cheio de palavras complicadas... mas muito bem escrito, como todos. Beijo ;*

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  2. lembrei de minhas aulas de anatomia do sistema nervoso .kkk muito bom o texto

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