20100320

Outubro


E lá vem ele.

Agora o fantasma poderá ser lúcido e nítido outra vez.

Pois que então venha logo me assombrar, daquele jeito que faz meus olhos brilharem, meu corpo tremer e meu coração disparar.
Quero desta vez mergulhar para o outro lado do seu olhar fugidio.

Aqueles abraços e o colchete


Se eu tivesse sido mais abraçada...
Por favor, mais um abraço daqueles magnéticos
(pedia eu)
Por este, eu faria um desvio de verso
[eterno só para nós...

Abnegação (2008)

Maurits Cornelis Escher (um gênio!)

'Eu não gosto desta letra gordinha e espalhada.
É uma mulherzinha muito espaçosa.'


OBS: na verdade, gostei desta com a qual digitei...
Quanto à frase, talvez minha mão deve ter achado a minha caligrafia um tanto inconveniente ao escrever Abnegação. Parece que soltando essa palavra naquele espaço, sem data que o comandasse, ia me soar melhor se eu a deixasse sozinha, para que nada pudesse dar razão ao seu sentido...
Não foi o que aconteceu. Tem um significado corrosivo demais...

Espaço livre 2008

Nem tão livre assim.
Afinal,
Liberdade não tem começo
Nem fim
Nem horizonte...
(...)
Risque outro fósforo, outra vida, outra luz, outra cor!

20100315

Dor também digital?


Amanhã*, fui discar, digo, escrever na agenda telefônica o nome Dorli,
mas a letra L demorou a aparecer...
E por um instante ficou escrito apenas Dor.
As bochechas molhadas me denunciavam e não era possível negar.
Sim, era verdade que estava sentindo-a em tudo. E muito.
Pelo menos o celular soube reconhecer sozinho, talvez, que ele,
às vezes...
... também me fazia sofrer.
Amanhã: página seguinte, 13/02.

Neópolis

Hummm... Um bairro sem graça. Com ruas chatas, de chatice mesmo. Mas, curioso... Pode-se ver aqui e acolá uns matos elegantes, ou ter sua cabeça quase arrancada por uns espinhentos meio perversos, que escondem umas casinhas graciosas e lugares maravilhosos... ao mesmo tempo que deixam à mostra muita imaginação. E esta, por sua vez e sem pudor, traz, a mim, muitos desejos... tão secretos quanto os jardins que fizeram parte de uma infância roubada.

20100314

09/07/08


Dia sombrio, e frio. Em minha companhia tinha apenas o vento, conversando com o meu pensamento. O qual estava invejando os pássaros negros voando no céu. A chuva se confundia com as finas lágrimas que rolavam impertinentes pelo rosto. Assim, talvez, ninguém perceberia. E eis que tive vontade de pedir a ele que carregasse o meu segredo consigo para sussurrar no ouvido do meu amado o que eu não ousava dizer por mim mesma. Tendo deixado isso ao seu encargo, voltei para a realidade, para pessoas que tinham muito a me dizer pessoalmente: meus mestres.
Depois estava eu perdida no vazio da minha alma, tentando preenchê-la com o mistério das árvores dançarinas lá fora... hesito em continuar nisso e olho para o lado. Me deparei com meu fantasma, na janela do outro prédio, me espiando por entre as persianas. Não reconheci de imediato, mas logo ficou claro: não era minha alma que estava vazia, eu é que estava. Afinal, ela apenas tinha fugido para o outro lado um pouco.
A essa altura já estavam me faltando linhas. Mas, no fundo, eu precisava mesmo era de linhas infinitas.

Quase recíproco


'Você toca meu coração, minha alma... kero dividir com vc meus sonhos, medos, e realizações...Quero te ver sorrir, cantar, rir, sonhar... Segurar seu braço com o meu, roçar meu ombro com o seu...'
'Sou um sonhador, e kuando estiver acordado, quero voce do meu lado, pra minimizar a dor de não ter o mundo com que sonho. o Mesmo quero que vc faça..'
Onde q foi parar tudo isso....?
Essa era uma pergunta minha. A resposta deveria estar contigo, mas já a encontrei. Isso tudo não foi a lugar algum. Ainda não saiu de dentro de ti, tu ainda não acordastes (ou seria eu que não acordei?). Um de nós dois não enxergou o outro quando acordou, ou então nunca acordamos. Continuamos a sonhar e agora o sonho virou um pesadelo lúcido.
(e pensar que me sentia exatamente assim, como essas frases que me escrevestes...)
Sabe, me arrependo das vezes em que me meti a ser dura, tanto comigo mesma quanto contigo. De ter me afastado, me calado. Na sexta-feira, quando tu pegou minha mão foi um alívio tão grande que não acreditei, era aquilo que eu tanto esperava (um gesto, nada de palavras) e não tive coragem de abrir os meus olhos procurando os teus com medo de não te encontrar lá.
Eu vejo essas fotos e mergulho num oceano de calma, de dúvidas, de um doce pranto... Quem são aqueles dois?
Nós podemos conhecê-los com calma. Vamos devagar. Venha sem medo. Eu quero seguir em frente, sem olhar para trás.
E tudo isso passou, acabou. Se afogou no silêncio de um e de outro.

20/04/08

Não aguentava mais aquele vazio. Já não sabia mais o que era sorrir, o que era felicidade. Não sabia o que sentia, ou se sentia. Era apenas um corpo desprovido de vivacidade, sem razão de existir. Estava desalmada e queria sua alma de volta.

Muito barulho por quase nada


Quanto drama para tão estreita existência...
Não pode se deixar ficar em tão constante melancolia.
Não quer viver apenas para a dor de recuar a tudo e amar demais, presa na ironia de seus amores.
Melodrama é chato! E ainda assim veio cheio de intimidade, o petulante e insosso!
Em contrapartida, nada a alegra mais do que a conquista de um sorriso.

20100312

Imagem não captada

Mais por ter lido a previsão do tempo para aquela semana do que por uma perda de esperança,
Ela não se conformava com ter perdido a oportunidade de registrar,
Nitidamente, aquele pôr-do-sol, esplêndido e singular,
todo extravagante em seu glamour de cores ardentes, com nuvens vaidosas, de todos os estilos, espalhadas a sua volta.
Tola!
Claro que algo semelhante não voltaria, jamais. Justamente por ser singular.
Aliás, é essa exclusividade que uma aurora ou um crepúsculo, juntamente com as nuvens, têm de tão maravilhoso:
céus que nunca se repetem, uma obra de arte...

Preparando-se para queimar

Imagem: Sue Beatrice
Você tem que estar preparado para se queimar em sua própria chama: como se renovar sem primeiro se tornar cinzas?

Assim falou Zaratustra
Friedrich Nietzsche

20100310

Simplesmente infernal


Pelo caminho lhe surgem homens angelicais que, por vezes, a levam a um inferno. E teve uns que conseguiram até mesmo fazê-la viver ao avesso e passar, insatisfeita, por cima de seu orgulho. Logo ela, que achava ser sensata, com um mínimo de juízo. Ainda não sabe direito o que lhe fizeram quando tudo estava errado, o que torna tudo ainda mais incompreensível.

No entanto, teve por um brevíssimo tempo, e ainda poderia ter de volta, alguém superficialmente diabólico(para seu disfarce)... Apenas esse poderia levá-la aos céus que os outros prometem, bastando apenas embarcar através de seus olhos cinzentos, como na última vez. Mas este escondeu tanto mais suas asas que as perdeu, pelo que parece. O que os limita a permanecer em terra firme, ou mesmo perto de algum inferno.
E assim ela fica, nem nas trevas nem no paraíso, mas num buraco negro... distraindo-se eternamente do seu excessivo lado zeloso com perversões que a enfastiam tanto quanto seus desejos mais ingênuos.

Técnica fotográfica


 
 

20100304

qui parle pour moi


J'ai ton désir ancré sur le mien. Tu sais les mots sous mes silences, tiens, rien ne nous emmènes plus loin...
Tenho teus desejos cravados em mim. Tu sabes as palavras sob meus silêncios, nada nos leva mais longe...