20110215

Sobre beijos

Le Basier de l'Hôtel Ville. Robert Doisneau, 1950.

Ah, beijos! Não são algo em que pensar, escrever sobre ou estudar. Alguns filósofos devem ter pensado, um médica francesa já fez uma tese de doutorado sobre seus efeitos, mais de duzentas páginas, e até Darwin pensou sobre suas origens, acreditando que o beijo era uma evolução das mordidas que os macacos davam no parceiro nos ritos pré-sexuais. Sei lá. Devem é serem muito bem exercidos, isso sim. É o que acho, insaciável que sou. Sendo assim é algo inesquecível e extremamente saudável. Estimulam músculos faciais, aumentam os batimentos cardíacos, promovem a liberação de serotonina e ocitocina, queimam algumas calorias... a lista de benefícios/efeitos colaterais é longa, a francesinha já a fez por mim. Além disso, rendem boas lembranças, histórias hilárias, versos fogosos e belas imagens (Doisneau e Eisenstaedt sabiam muito bem disso).

Há alguns anos soube da existência de um dia internacional do beijo, qualquer um já ouviu falar: 13 de abril. Não faço a mínima idéia de como surgiu data tão burlesca, parece que foi em 1982. No entanto, todo ano tinha alguma referência, estar enamorada de alguém que faz aniversário nesse dia, um acontecimento ou um atraso que me fazia lembrar tal data e lamentar ou não se ele foi devidamente celebrado, mesmo que inconscientemente.
Na última vez, esqueci completamente. A data, mas sem ficar a imaginação vazia de afagos, beijos franceses, etc durante o dia. Vi apenas de noite, no site do jornal ZH: era o tal 13 de abril. Mencionei o esquecimento num e-mail a uma amiga, e só, já era tarde. Tudo o que tinha ultimamente era um daqueles trovadores bem polenteiro na escola, sempre com uns beijinhos de trave aqui e ali. No chove e não molha. Haja paciência. E quem nunca passou por isso?

Mas no dia seguinte veio um beijo, atrasado, e sem desculpas... Um gol no centro.
Só que, sei lá.. foi tanto drible que ofuscou o mais importante.
A estratégia usada.. de se aproximar de modo inevitável fazendo entrar em contato de corpo inteiro, sentir a excitação na pele, arfar e olhar com louca cobiça para os lábios na minha frente e não poder devorar com a real avidez.. um caminho tão longo que o beijo que era pra ontem se despedaça enquanto anda.
Ah, faça-me o favor, faisquinhas elétricas é nada.. considerando que gosto de fogo e sou muito dada a deixar que um incêndio aconteça.
Beijo é o ato mais sensual que duas pessoas podem apreciar e fazer em total sintonia, um daqueles que podem te deixar de pernas bambas, sem fôlego, inebriado e com um sorrisinho besta ao lembrar. Pelo menos pra mim é assim. Isso pode ocorrer uma única vez na adolescência ou pode se ter beijos únicos ao longo da vida, mas ficam igualmente na memória para sempre.

Times Square, Nova York. Alfred Eisenstaedt, 1945.

Eis que porque o beijo, em si, merece ser cultivado a qualquer momento, das mais variadas formas, até mesmo em texto, independentemente de datas, eventos ou ocasiões. Então, sugiro que você beije muito, o namorado(a), o amigo colorido e todos os que forem essenciais em sua vida. Dê uma chance para aquele que te trovou na festa, surpreenda aquela garota em quem você tem andado de olho. Tasque um sempre quando estiver apaixonado, muito feliz ou extremamente necessitado, haha...
Isso na minha humilde opinião.

p.s.: a história de cada foto é muito interessante, de fotógrafos que muito aprecio (o primeiro francês e o segundo um prussiano), por isso escolhi essas, e são muito famosas (só uma curiosidade: ambos os casais eram desconhecidos entre si, a diferença é que a segunda foto foi de um ato espontâneo).

Um beijo a todos!

2 comentários:

  1. HAHAH... muito legal o texto amiga :D
    E essa última foto é demais, a mulher quase fez um contorcionismo! Beijo ;*

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  2. Sim! O cara tinha uma pegada e tanto, hahah. Beijo! ;]

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