Uma vez li um texto sobre o tempo do abacate, aquele em que temos de esperar amadurecer, sobre rompimentos e as dores que vem junto. Uma metáfora sobre como lidar com certas situações, saber esperar. Aquelas de separação, as quais podemos considerar que cada uma é de um jeito, de tantos exemplos que temos, e a cada vez parece que é a primeira. Casos esses em que experiência não ajuda, no momento simplesmente nos esquecemos dela. E não há manual de instrução que possa ser consultado. O máximo que chega a ser lembrado com a experiência nessa hora é que "tudo passa". Mas aí pode piorar. Porque quem disse que queremos que passe? Passar é o mesmo que acabar. Mas quem disse que queremos que acabe?
Aí vem a dor, e ela é proporcional aos buracos das dores anteriores. Quanto maior a dificuldade em conviver com a frustração, maior ela é na próxima. A dor não vem sozinha, vem acompanhada das dores do passado. Vivem-se todas as dores do mundo de uma vez só. O que se pode fazer é esperar, e mais um pouco quando achar que já deu. Viver a situação inteiramente. Sublimar. Dizem que há tempo para tudo.
Não gosto de abacate e vivo sempre brigando e me estranhando com o tempo.
Sem dúvida, o brinde que se ganha nesses casos, com as dores do passado, é universal. Aos poucos quem me diz que EU quero que acabe, que tudo passe, é a razão, a lógica das conseqüências... A gente esmiúça todas as incompatibilidades a fim de convencer a si mesmo de que aquilo não iria dar certo e é melhor ser assim do que ter ficado assado. A coisa ruim de largar tudo na caçamba do tempo é a perda, não do valor, mas da qualidade daquilo que tivemos: perde-se o sabor, a cor, o brilho, se desgasta, roído por traças de rancor e com cheiro pungente. Aí, por vezes, a criatura aparece e até traz uns resquícios de saudades ou de desejos, ou uma reconciliação apenas diplomática, mas não é a mesma coisa, não adianta, não é mesmo?
Sem dúvida, o brinde que se ganha nesses casos, com as dores do passado, é universal. Aos poucos quem me diz que EU quero que acabe, que tudo passe, é a razão, a lógica das conseqüências... A gente esmiúça todas as incompatibilidades a fim de convencer a si mesmo de que aquilo não iria dar certo e é melhor ser assim do que ter ficado assado. A coisa ruim de largar tudo na caçamba do tempo é a perda, não do valor, mas da qualidade daquilo que tivemos: perde-se o sabor, a cor, o brilho, se desgasta, roído por traças de rancor e com cheiro pungente. Aí, por vezes, a criatura aparece e até traz uns resquícios de saudades ou de desejos, ou uma reconciliação apenas diplomática, mas não é a mesma coisa, não adianta, não é mesmo?
Não há mais garantia de alguma durabilidade, somos meio que forçados a reconsiderar, ou pelo menos fingir que é descartável, para não sofrer o mesmo ou até mais.
Quando o tempo tem que passar, é para acabar mesmo, varrer tudo, porque os caquinhos cortam, machucam e deixam mais cicatrizes... Não costume guardar a expectativa frustrada das paixões, apenas a saudade vaga do que foi bonito, cheiroso ou engraçado. Alguns casos se encerram facilmente, mas um ou outro ainda pode ser difícil de embalar e colocar o carimbo ESGOTADO, talvez isso seja pela convivência imposta...
Mas o que realmente incomoda é desperdício de tempo, de palavras e tudo mais, para acabar, mas especialmente para esperar... O que dói é o que ainda não foi feito, o que não foi dito, o que fica passando na frente, mas não chega, o chove mas não molha.. Dói quando as pessoas abusam do teu tempo, alimentando expectativas que cada vez esgotam mais e vão te esvaziando por dentro... Não servimos para meio-termo ou promessas!
Às vezes dá vontade de ir embora, e antes quando uma pessoa parecia que já não tinha nada demais a deixar para trás, agora fica pairando viscosamente (porque sufoca) no ar que respira a possibilidade de tanta coisa que compartilhar maravilhosamente enquanto não vai... Mas as horas vão passando e o mundo ri dela, que não consegue ser ela mesma sem nada de real, sem quem lhe ateste que existe e que foi útil... Fica assim, perdida num mundo paralelo que não sai de sua mente e aonde ninguém vai vê-la. Isso pode corroer mais que ácido sulfúrico e soda cáustica juntos. Cuidado!
Um tipo de linda mulher que se sente assim teima em viver um romance de capa e espada, imagina-se na torre esperando o príncipe encantado. Insiste em viver nos contos de fadas enquanto a vida lhe mostra outros príncipes que se parecem a sapos, mas que são cheios de amor pra dar e receber.... Enquanto espera o ideal não vive o real. Se incomodar o desperdício de tempo é porque só quer resultados. O melhor da festa é se preparar pra ir, escolher a roupa, tomar o banho, arrumar o cabelo, imaginar quem vai estar lá, depois chegar lá e dançar, conversar e no dia seguinte lembrar de tudo isso e rir... Então não há desperdício, tudo faz parte...
É preciso curtir a vida, relaxar, e não esperar resultados. Não depender de ninguém para ser feliz. Aproveitar cada momento.
por Cíntia Timóteo, com Sônia R. Porto Machado
O texto referido você encontra aqui: http://soniaporto.zip.net/arch2007-02-11_2007-02-17.html
Legal esse texto, parece que saiu diferente do teu estilo de escrever...
ResponderExcluirObrigada! Só o miolo é realmente meu ;P Mas, me conte, diferente como?
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