20110130

Amantes num espelho

E quando, no auge de sua aventura voluptuosa, o prazer lhe invade e percorre o seu corpo de vez e estás prestes a entrar em erupção, ela se divide entre a vontade de captar o momento, não fechar os olhos, e seu instinto de fechá-los e se perder.

Não que ela negue a beleza visual do ato ou tenha medo de se prender a uma lembrança do que vê. Apenas não quer se apegar a esse quadro limitado que é seu amante nu junto de seu corpo, com o rosto tomado de um jubiloso êxtase.

Tem medo da nostalgia que isso pode lhe causar quando essa paixão já tiver se perdido nas brumas do tempo e da inevitável separação. Prefere mergulhar no escuro, se entregar ao infinito que lhe traz imaginação. Atrai-lhe mais a liberdade de ter toda a beleza do amor presa em nada além de uma sensação pura e imaculável de suas paixões.

Olha os dois no espelho: é tudo o que ela sente por ele, preso naquele exato momento. E tão efêmero quanto o mesmo reflexo.

2 comentários:

  1. É, a lembrança de uma coisa que não nos pertence mais sempre será triste enquanto o sentimento não mudar...
    Mas eu acredito que, por mais efêmero que seja o momento, sempre vale a pena tê-lo vivido... Afinal, tudo acaba um dia, assim como a nossa vida, e no fim dela tudo o que teremos para levar são os sentimentos para os quais tivemos coragem de nos entregar...

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  2. É engraçado, né, que podemos esquecer o que nos foi dito ou feito, mas nunca esquecemos como nos fizeram sentir. Eu ia dizer que sentimentos podem mudar conforme mudamos, mas ainda não tenho provas... então, deixa quieto. Só resta ter coragem mesmo. E eu desejo muita pra ti :)

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